Pesquisas em neurociência
Marco Montarroyos Callegaro
J. Landeira-Fernandez
O presente capítulo apresenta alguns aspectos históricos, bem como tendências atuais acerca da relação entre neurociência e psicologia clínica. São apontadas as formas como o conhecimento produzido pela neurociência pode contribuir para a compreensão dos efeitos produzidos pela psicoterapia. Em especial, destaca-se a maneira pela qual diferentes intervenções psicoterápicas atuam sobre estruturas cerebrais relacionadas com memórias implícitas e explícitas.
Utiliza-se o conceito de esquemas iniciais desadaptativos para ilustrar como esta inter-relação entre conhecimento implícito e explícito, e seus respectivos circuitos neurais, podem levar a certos transtornos mentais. Além da inter-relação desses sistemas de memórias, adquiridos por meio da relação do indivíduo com o seu meio ambiente, é abordado o papel de mecanismos filogenéticos, assim como o de determinados genes, na etiologia dos transtornos mentais.
O capítulo descreve os principais resultados de pesquisas recentes que empregaram técnicas de neuroimagem para investigar o impacto da psicoterapia sobre a atividade do sistema nervoso central. Esses efeitos da psicoterapia sobre o tecido neural parecem estar relacionados a mudanças estruturais que ocorrem durante a comunicação sináptica. Conclui-se vislumbrando algumas direções futuras e levantando algumas questões, que permanecem em aberto, sobre os mecanismos neurais envolvidos na origem e no tratamento psicológico dos transtornos mentais.
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Cordioli e cols.
A neurociência é uma área relativamente nova. Surgiu durante a década de 1970, com objetivo de articular conhecimentos acerca do sistema nervoso produzidos de forma independente por diferentes disciplinas. Em particular, destaca-se a significativa integração entre neurobiologia, e seus desdobramentos na neuroanatomia, neurofisiologia e neurofarmacologia,