Pequena síntese: Fenomenologia e Transcendência
Ser humano. Quando dizemos isso, o que estamos dizendo? O que significa de fato: ser humano? Buscando a resposta na etimologia da palavra, humano vem de humos, que significa terra fértil. O que significa então, ser terra fértil? Terra fértil não é aquela que transforma uma possibilidade em realidade? Que acolhe uma semente e a transforma, talvez, em um bonito carvalho? Uma semente – que não é nada mais, nada menos, do que uma possibilidade de ser – encontra na terra a disponibilidade para tornar-se real, para se realizar. Ser humano significa nutrir e sustentar aquilo que se fixa nele, realizar as possibilidades de ser com as quais ele entra em contato, assim como a terra faz com aquilo que se fixa nela. Por este caminho, começamos a compreender que o ser humano é simplesmente disponibilidade para, é um estar aberto à. Ser humano é ser abertura, e ser abertura porque recebe o que vem ao seu encontro e dá um destino a aquilo. Logo, entendemos que o ser humano nunca “é” isto ou aquilo, mas vive isto ou aquilo. Ele nada possui, ele traz à luz o que vem ao seu encontro, no momento em que vivencia aquela possibilidade e a torna real. E no momento em que aquela possibilidade de ser – modo de ser -, está completamente amadurecida, realizada, “trazida à luz”, ele se abre para novas possibilidades de ser. Levando em conta esta concepção de ser humano, como podemos afirmar que todo comportamento é transcendente? Se transcendência é “ir além de si mesmo”, entendemos que transcender é estabelecer uma relação real com aquilo que não é nós mesmos. O Dasein é “ser no mundo”. O que significa ser, o tempo todo, relação com. Logo, o homem transcende a todo o momento, pois a todo o momento se relaciona. Seja com os outros, seja com o não ser – uma nova possibilidade de ser ainda não incorporada. Podemos afirmar que Leo transcende em seu sonho,