Os bolivianos em são paulo
1. Introdução
A comunidade boliviana na cidade de São Paulo pode reunir até 100 mil pessoas pelas estimativas da Pastoral dos Migrantes Latino-americanos, embora o consulado da cidade de São Paulo reconheça a existência de 50 a 70 mil imigrantes clandestinos. 2 Dentre os seus membros estima-se que um terço se constitui de profissionais liberais, comerciantes e donos de oficina, enquanto dois terços representam trabalhadores clandestinos, denominados também de indocumentados, muitos trabalhando como costureiros em oficinas de confecção. A maioria dos imigrantes é do sexo masculino, não ou pouco qualificado, entre 20 e 40 anos, a idade melhor do ponto de vista produtivo.
A Bolívia se constitui em um pólo de emigração de mão-de-obra, pela baixa expectativa de desenvolvimento que se origina de sua estrutura social e econômica, pela instabilidade política e pela miséria de determinadas regiões. O Brasil e a Argentina constituem-se em pólos receptores dos emigrantes mais pobres devido ao menor custo de transporte relativamente aos países centrais e a extensa fronteira que separa a Bolívia dos dois países. As sucessivas crises econômicas e sociais da Argentina desde meados da década de 1990 redirecionam e intensificam o fluxo de emigração para o Brasil.
A Pastoral dos Migrantes Latino-americanos e o Centro de Estudos Migratório são duas organizações que mantêm informações valiosas para compreender o fluxo e as características da emigração dos andinos para o Brasil. A Pastoral, além de sediar encontros e festas, mantém um serviço de atendimento para essa comunidade, proporcionando esclarecimentos sobre os procedimentos para conseguir a documentação necessária, e mediando conflitos no trabalho, por exemplo, quando o empregador não paga os salários.
A partir dos dados obtidos através de entrevistas nessas duas instituições e com imigrantes bolivianos clandestinos contatados nas ruas na cidade de São Paulo passamos a elaborar a tese de que a