Morte e morrer

1 INTRODUÇÃO

O ser vivo nasce, cresce, se reproduz e morre. Esse é o ciclo de vida que aprendemos desde criança, são fatores naturais que fazem parte do ciclo dos organismos. Apesar de ser a todos familiar, o tema morte é um dos mais difíceis de abordar, pois causa um sofrimento que muitos não sabem como lidar. Lidar com ele requer uma reorganização de objetivos, mudança de paradigmas e aceitação dessa vulnerabilidade. Segundo Ariés (1982), a morte concretiza o fim do ciclo de existência. Não exatamente o fim e o sim a interrupção de um ciclo responsável pelas funções vitais do organismo.
A morte tem significados diferentes para cada indivíduo, já que é uma experiência constrangedora e muitas vezes ameaçadora. Por ser caracterizada como uma perda de um elo entre uma pessoa e seu objeto, é também um fenômeno mental. A quebra de uma relação ou perda desencadeia comportamentos e sentimentos, em que o sujeito pode passar por um período de confusão mental, de desorganização, até que se possa iniciar um trabalho de elaboração desta perda. Compreender o processo do luto, o qual envolve diversas manifestações psicossociais, requer buscar formas para aliviar a dor da perda, e do sofrimento humano. Feifel e Nagy (1981) citado por Kóvacs (1992), cita que nenhum ser humano está livre do medo da morte, e todos os medos que temos estão de alguma forma, relacionados a ele.
Dentre as variadas dificuldades para o enfretamento da morte, de acordo com Kubler – Ross (1926, p. 11-12) uma das mais importantes é que hoje em dia, morrer é triste demais sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário, muito mecânico e desumano. Ás vezes é até mesmo difícil. Os profissionais de saúde são os que mais lidam com esse assunto, mas sua formação tem se caracterizado por um total vazio do debate contemplando a temática, o que é reafirmado por uma prática profissional também marcada por silenciamentos em relação à finitude. A morte e o morrer são temas socialmente concebidos como tabus,