MEDIANERAS 1
O filme “Medianeras” é uma comédia romântica cuja estética faz lembrar o universo publicitário e na qual a linguagem cinematográfica recorre à imagética da fotografia e das histórias em quadrinhos, enquanto mescla tratamento ficcional e documental para tecer sua narrativa. Trata-se, sobretudo, de uma fábula urbana revelada pelo prisma dos conturbados protagonistas e cujo texto se articula com impactantes tomadas da cidade.
O filme começa retratando as construções da cidade de Buenos Aires, a qual possui uma arquitetura repleta de edifícios muito próximos uns dos outros. Essas construções são mostradas no filme como se fossem fotografias tiradas dos edifícios e da área urbana da cidade, e essas “imagens” são comentadas pelos personagens-narradores. Segundo Roland Barthes, as cenas da arquitetura, como fotografias da paisagem, funcionam como expressão simbólica cultural e despertam um certo afeto para o observador, no caso, os próprios narradores.
O filme é narrado pelos dois personagens principais, Martin e Mariana, que tentam se libertar das amarras da solidão que a cultura virtual e a arquitetura de Buenos Aires acarretaram para aqueles que vivem sozinhos. Devido a disposição dos edifícios os vínculos interpessoais se mostram débeis, insatisfatórios e insuficientes, fazendo com que os cidadãos muitas vezes se sintam sós. A temática central do filme é retratar uma solidão que não é dramática, mas "uma solidão a que já estamos acostumados. De todos os dias: a solidão urbana, a solidão que sentimos quando estamos rodeados de desconhecidos.
Tanto Martin quanto Mariana vivem em moradias precárias, desprovidas de iluminação, ordem ou ventilação. Eles passam a maior parte do dia dentro de seus apartamentos, preocupados com suas ocupações: Mariana trabalha enfeitando manequins para vitrines de lojas e Martin é “webdesigner”.
Diante da solidão em que vivem, Mariana faz de seu