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A INDÚSTRIA DO BACALHAU NO INÍCIO DO SÉCULO XXI
Fernando Chagas Duarte, Geógrafo

Publicado na revista Tecnipeixe nº 7, Janeiro/Fevereiro de 2002

A Indústria do Bacalhau no início do século XXI
Não deixa de ser sintomático que, numa temática há tanto tempo abordada por técnicos e académicos, o conceito de indústria de bacalhau continue a ser sinónimo de pesca, actividade primária inequívoca, mesmo tendo a ele associado a primeira fase de transformação a partir da salga. Mais estranho ainda parece ser a quase exclusão, nas abordagens mais clássicas da temática do bacalhau, da questão dos secadouros – ressalva óbvia feita aos estudos de tecnologia e de técnica de preparação, muito em voga durante os anos 40 e 50, mas vindo-se praticamente a extinguir com o ocaso da Comissão Reguladora do Comércio de
Bacalhau (CRCB).
Com o correr do tempo, de erosão rápida na memória, a falta de elementos analíticos mais abrangentes torna mais difícil o trabalho de conhecer e perceber a história e, com ela, a completa extensão do fenómeno do bacalhau no nosso País.

O Bacalhau - Gadus morhua

Numa extensa lista de bibliografia disponível, pelo menos de entre as muitas referências consultadas, são escassos os trabalhos e até as meras referências sobre
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as secas, o seu espaço, as suas gentes ou a sua simbologia. Mais modernamente diversos autores

têm

abordado

o

assunto

(sobretudo

nas

perspectivas

antropológicas, sociológicas, de geografia e análise regional), num período em que a
“grande faina” já soçobrou, e a arte de tratar o bacalhau perdeu fulgor e mesmo a sua nobreza. Talvez não seja tarde…
A epopeia do bacalhau foi efusivamente comemorada pelo Estado Novo, não porque o homem do mar o não merecesse, mas porque ao regime os ícones do trabalho árduo e perigoso serviam-no melhor ainda do que os ícones da passividade monótona e laboriosa do agricultor familiar. A epopeia, a gesta gloriosa e o reconhecimento público por