Marcilio Dias De Carvalho
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta um breve histórico dos processos modernos de fabricação do aço, usando cal na formação das escórias. A evolução tecnológica e as rápidas reações atualmente conseguidas nas aciarias exigem o consumo de cal de alta velocidade de reação ou alta reatividade, controlada pelos testes padronizados.
O processo de fabricação do aço através da oxidação do ferro-gusa por injeção de ar foi patenteado em 1856 por Sir Henry Bessemer (ARAUJO, 1992) usando refratários argilosos ou sílico-aluminosos, que somente permitiam o uso de escórias silicosas, sendo dissolvidos se utilizassem escórias à base de cal (CaO ) ou magnésio ( MgO) .
Sidney Gilchrist Thomas (1850-1885) depositou a primeira patente de tijolos refratários básicos, fabricados de dolomita, calcinada e aglomerada com alcatrão, em novembro de
1877, descrevendo o uso da cal, magnesiana ou calcítica, na fabricação da escória do processo. Por não ser engenheiro e sim escrevente de cartório, seu trabalho não foi aceito no congresso do Iron and Steel Institute (ISI) de 1878, em Paris. Mas os donos da usina Bolckow & Vaughan Co. aprovaram a novidade (RICHARDSON, 1980).
Thomas realizou o primeiro teste em escala industrial em 3 de maio de 1879, com refratários e escórias básicas, na usina de Middlesbrough – Inglaterra. Conseguiu baixar o teor de fósforo de 1,52% do ferro-gusa para 0,18% no aço, em 21 minutos, obtendo o
Coeficiente de Partição do Fósforo (relação entre os teores de fósforo no ferro–gusa
1,52% e no aço 0,18%) próximo de 9, uma façanha tecnológica na época.
Thomas faleceu seis anos depois e seu primo, Percy Gilchrist Carlisle, continuou com suas pesquisas e patentes (ALMOND, 1981), permitindo, então, aumentar a produção mundial de aço, de 2 milhões de toneladas em 1880 para mais de 500 milhões de toneladas anuais um século depois. As novidades introduzidas foram os refratários dolomíticos e o uso da cal para oxidar e dissolver, nas escórias básicas, o fósforo do ferro- gusa,