Lula

Lula deixou a presidência do Brasil ostentando um invejável patrimônio político. A eleição de sua sucessora foi o primeiro e principal indicador de que o ex-presidente ainda deixaria fortes marcas na vida pública brasileira. Desde então, Lula tem dedicado-se à reestruturação do Instituto Cidadania (também conhecido com Instituto Lula), por meio do qual reúne lideranças para debater temas de interesse nacional e propor políticas públicas. Para além da atuação explícita e institucional, o petista também tem atuado nos bastidores da política, promovendo novos quadros e indicando caminhos. Ao contrário dos últimos ex-presidentes, que se mantiveram na política por meio da ocupação de cargos eletivos (Sarney, Collor e Itamar) ou simplesmente afastaram-se da vida eleitoral (FHC), Lula demonstra disposição para, entre homenagens e títulos, participar ativamente disputa política, mesmo sem concorrer a nenhum mandato.
Neste momento, depois de enfrentar o duro processo de combate a um câncer na laringe, Lula volta-se para as eleições municipais de 2012, pretendendo tomar a frente das negociações para palanques da base aliada nas principais cidades. A posição de ex-presidente é privilegiada e estratégica, posto que nenhuma liderança tem condições de colocar empecilhos a um pedido diretodo principal líder do campo político governista. Ainda assim, Lula tem sido habilidoso e até discreto nas construções de suas apostas eleitorais. O ex-presidente tem percebido quando não vale a pena insistir pela retirada de um aliado, escolhido as disputas mais importantes para interferir e esperado os momentos mais apropriados para fazer gestos políticos. Claramente, o caso em que o ex-presidente mais tem se engajado é o da candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. Depois de retirar os concorrentes internos, especialmente a senadora Marta Suplicy, Lula deve dedicar-se agora à coligação partidária, visando, a princípio, PSB e PR, além do PDT e PC do B.
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