Lima Barreto

669 palavras 3 páginas
[Lima Barreto]

I- Considerações

Esta obra foi publicada pela primeira vez em 1911, pela Gazeta da Tarde. Relato satírico, é uma medida exemplar do talento de Lima Barreto com contista. E também de sua modernidade. Apesar da data, o tema continua atualíssimo.

Afinal, quanto de nós já não nos deixamos impressionar pelo difícil palavreado médico, que parece guardar nossa salvação ou condenação? E o que dizer da estranha língua em que os economistas tentam justificar a pobreza do país? Político tem de falar bonito, o que muitas vezes equivale a falar difícil. Muita gente não entende, mas respeita. Principalmente porque não entende.

Médicos, economistas, políticos e seus "códigos secretos" - quem há de negar que são homens cultos a quem essa sabedoria, embora traduzida de maneira incompreensível à maioria, garante respeito, autoridade, poder?

É a irreverência estúpida a esse saber exótico, cifrado que Lima Barreto satiriza no conto. Um tema caro ao autor, quase uma causa que ele discute em várias de suas obras. A ascensão e glória de Castelo, porém, servem para a discussão de outros temas: a artificialidade de alguns intelectuais, a política dos favores, a eficiência dos títulos num país de doutores.

No conjunto, esses assuntos formam um retrato de uma faceta do Brasil e do brasileiro. O retrato ressalta a nossa melancólica vocação para o improviso, para o oportunismo dos muitos "Castelos" da vida nacional. No país das trapalhadas, a desordem é legítima pr uma ordem feita apenas de aparências.

Avesso e complemento, a desordem mina a ordem social pelo protecionismo, pelos favores, pelo respeito a títulos, rótulos em si suficientes para garantir status. O saber ajuda. Mas para a ascensão social talvez importem mais as relações com pessoas influentes, a proximidade com o poder e a fabricação de uma imagem do que um saber verdadeiro. Assim, a tal "desordem" transforma-se em uma espécie de ordem que convive com a outra, a das leis, normas, a da burocracia.

Castelo

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