Letras

O tempo da narrativa da obra Machadiana Dom Casmurro, trata-se de um tempo psicológico subjetivo, vivido ou sentido pelo personagem (Bentinho) que flui no decorrer da história em harmonia com seu estado de espírito. Nesse sentido esse recurso é chamado de impressionismo, porque o narrador (Bento Santiago) transformado no velho Dom Casmurro se detém nas experiências que marcaram sua subjetividade, ou seja, seu espaço íntimo, seu mundo interno.
A narrativa utilizada no texto é uma lembrança do personagem sobre sua vida desde a infância. O narrador Bento Santiago que usa foco narrativo em primeira pessoa é, sobretudo, problemático: Primeiro, porque dá ao leitor características de um homem arrasado, vítima de uma suposta traição feminina vinda de sua amada Capitu. Segundo, porque ao narrar os fatos ele descreve situações que podem ser frutos de sua imaginação.
No contexto histórico-cultural, dar-se a entender que Dom Casmurro é uma obra narrada em primeira pessoa, onde o narrador e também personagem participa das ações. Pelo fato de vivenciar o enredo, esse tipo de narrador apresenta relações próximas com os demais elementos da narrativa, revelando questões que só ele conhece.
Na opinião em questão a função da narrativa como pseudo-autobiografia (tentativa de transformar em letras as experiências da mente) o que não veicula total veracidade aos fatos por serem traços de uma infância relacionada a uma realidade omissa de repassar para o leitor somente aquilo que se quer que ele saiba.
A obra deixa em aberto uma possível traição, que leva o leitor a fazer diversos questionamentos, se a mesma existiu ou não. A distância entre o passado e o presente, servindo de resgate realmente se limita pelos anos passados, onde dificilmente podemos descrever situações com riqueza de detalhes.
Segundo Friedmam, “O narrador é um personagem em seu próprio direito dentro da história, mais ou menos envolvido na ação, mais ou menos familiarizado com os personagens principais, que fala