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261 palavras 2 páginas
O poema abaixo é de Ana Cristina Cesar, retirado do livro “Inéditos e dispersos”, da
Editora Ática.
Artimanhas de um gasto gato
Não sei desenhar gato.
Não sei escrever gato.
Não sei gatografia Nem a linguagem felina das suas artimanhas
Nem as artimanhas felinas da sua não-linguagem
Nem o que o dito gato pensa do hipopótamo (não o de Eliot)
Eliot e os gatos de Eliot (“Practical Cats”)
Os que não sei e nunca escreverei na tua cama.
O hipopótamo e suas hipopotas ameaçam gato (que não é hopogato)
Antes hiponímico.
Coisa com peso e forma de peso e o nome do gato?
J. Alfred Prufrock? J. Pinto Fernandes? o nome do gato é nome de estação de trem o inverno dentro dos bares a necessidade quente de tê-lo onde vamos diariamente fingindo nomear eu – o gato – e a grafia de minhas garras: toma: lê o que eu escrevo em teu rosto a parte que em ti é minha – é gato leio onde te tenho gato e a gatografia que nunca sei aprendi na marca no meu rosto aprendi nas garras que tomei e me tornei parte e tua – gata – a saltar sobre montanhas como um gato e deixar arco-irisado esse meu salto saltar nem ao menos sabendo que desenho e escrita esperam gato saltar felinamente sobre o nome de gato ameaçado ameaçado o nome de GATO ameaçado o nome de GASTO ameaçado de morrer na gastura de meu nome repito e me auto-ameaço: não sei desenhar gato não sei escrever gato não sei gatografia

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