Intrevista luciano cordeiro

3933 palavras 16 páginas
Instituto de Ciências Sociais e Políticas- Universidade Técnica de Lisboa Cadeira :Introdução às Ciências Políticas e Sociais 1º ano de Relações Internacionais

Introdução
Volto atrás no tempo, ao passado ano de 1900, no mês Outubro, para uma Lisboa bem diferente que aquela que conheço. A Praça D.Pedro IV, repleta de cafés, pessoas, ardinas que gritam a nova e floristas que tentam vender as flores do dia. Sem todos os carros, autocarros e camiões o ar da praça carrega-se com o cheiro de café. Está prestes a chover, e sente-se o frio. Dirijo-me ao número 100 da Rua das Portas de Santo Antão entrando na famosa Sociedade de Geografia de Lisboa, onde entrevistarei um dos seus membros fundadores, Luciano Baptista Cordeiro de Sousa, ou simplesmente, Luciano Cordeiro. Dentro do edifício, geminado com o Coliseu de Lisboa, avanço em direção à Sala de Convívio, passando pelo brilhante Átrio e a Escadaria. Nessa Sala, com os seus painéis de madeira, passadeiras carmesim e sofás verde-desmaiado, vejo quem procuro. Luciano Cordeiro está sentado numa mesa, e acena-me. Caminho para junto dele, e apresento-me. Ele pede-me para me sentar, enquanto folheia o jornal.

Entrevista
David:“Interessava-me que o Senhor me desse a sua opinião sobre o futuro dos nossos domínios africanos..” Luciano Cordeiro:“ Neste momento da nossa história, em que vemos arrendado pelo os outros povos, esses territórios, descobertos, evangelizados e conquistados por nós, não vejo futuro. Não sei o que será das nossas tradições, esperanças, interesses. Nem sei o que será do nosso nome...” Não esperaria uma resposta tão completa à primeira pergunta, senti-me surpreso, embaraçado. LC:” Mas sabe? Teremos que pensar no futuro, pensar no caminho que havemos de seguir.” D: “ Claro, mas os dias que correm são complicados...” LC: “Se não começar-mos hoje a mudança, os dias que virão serão ainda mais complicados.” Era o bastante. Luciano Cordeiro mostrou-se em poucas palavras um homem lúcido, com

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