IDEOLOGIA

IDEOLOGIA Do livro “Ideologias e ciência social” (Michael Löwy)
Originalmente, no limiar do século XIX, ideologia, termo cunhado por Destutt de Tracy (francês, 1754-1836), tratava-se do segmento da Zoologia que estudava a interação entre um ser vivo e o meio ambiente. Opositor de Tracy, Napoleão (francês, 1769-1821) chamou-o de ideólogo, com a conotação de não trabalhar com a realidade concreta, ou seja, Napoleão considerava Tracy um “especulador metafísico”. Em sua obra A ideologia alemã (escrita em 1846 e publicada somente em 1936), Marx (alemão, 1818-1883) conceitua ideologia como a realidade idealizada pela classe dominante, ou seja, aquela que prevalece na sociedade. Na visão de Lenin (russo, 1870-1924), ideologia corresponde ao corpo de ideias, nas áreas social ou política, defendida por um dado grupo ou classe (ideologia burguesa, ideologia proletária, ideologia republicana etc.).
Segundo Karl Mannheim (húngaro, 1893-1947) ideologia e utopia são conceitualmente distintas. Enquanto ideologia é, no plano das ideias, o que norteia a classe dominante no seu desejo de conservar a ordem social, política, econômica etc. em vigor, a utopia está associada à ideia de mudanças, a criação de uma nova realidade social, política, econômica etc. Em outras palavras, ideologia tem tudo a ver com a não alteração da realidade vivenciada. Por seu turno, a utopia desempenha, no campo teórico, um papel subversivo, podendo chegar à revolucionário.
Michael Löwy (brasileiro, n. 1938) sugere que utilizemos visões sociais de mundo para nos referirmos à ideologias e utopias, associando-as a manutenção da ordem social em voga e a transformação da sociedade, respectivamente.
Para ser realizada uma análise dialética de uma visão de mundo se faz necessário um contato, mesmo que panorâmico, com os princípios do método dialético.
Um dos princípios basilares da dialética é o de