Humanização

PRIMEIRO PLANO
Coronel Robson Rodrigues – O novo rosto da lei nas favelas

Como muitos pais de meninos do subúrbio carioca na década de 70, os pais de Robson Rodrigues da Silva queriam que ele fosse militar ou jogador de futebol. O garoto se dedicou aos gramados. Foi meio de campo nas categorias de base do Botafogo e do Bangu. Aos 18 anos, tempo de servir o Exército, Robson escolheu o caminho mais difícil para ficar longe do quartel: se alistou no curso preparatório de oficiais (o CPOR), passou nas provas, mas desistiu de ser oficial da reserva. Mostrou quanto era capaz, mas a decisão decepcionou o pai. Três anos depois, Robson fez exames para ser oficial da polícia, outra vez sem aprovação doméstica. Passados 28 anos, ele é hoje coronel da PM, formado em Direito e mestre em antropologia. Virou comandante da ação de polícia que mais desperta interesse no país, as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), iniciativa que já livrou nove favelas do Rio de Janeiro dos traficantes armados. A decepção que sua escolha de carreira causou na família ilustra, segundo ele, a situação ambígua dos policiais militares. Na academia, os futuros policiais falam de si mesmos como “patos”. É uma comparação pejorativa. Os militares de verdade nadam (Marinha), correm (Exército) ou voam (Aeronáutica). Já os patos mais boiam que nadam, não correm direito e nem voam muito bem. E fazem muita sujeira por onde passam. A analogia faz parte da tese de mestrado de Robson: Entre a caserna e a rua, o dilema do pato – Uma análise antropológica da identidade policial militar, a partir da Academia Dom João VI. “A Polícia Militar vive uma crise de identidade”, afirma. “Aos olhos da Polícia Civil, ela não é uma polícia de verdade, que investiga; para os militares, ela também não é militarizada”, diz ele. “Na verdade, ela não pode ser nem uma coisa nem outra.” Para o PM, existe uma demanda na