Homens bons, religiosos mau

592 palavras 3 páginas
No judaísmo contemporâneo de Jesus, o fariseu representava uma facção austera, conservadora, dogmática. Embora tenham sido execrados como ícones da demagogia religiosa, é preciso todo cuidado para não discriminá-los. Não devemos generalizar, nem quando se trata de uma seita rotulada a priori como falsa. Sim, é verdade, Jesus denunciou que eles estavam fermentados pela hipocrisia. Contudo, torna-se necessário também reconhecer que mesmo em uma instituição religiosa adoecida, joio e trigo convivem juntos.
Hipocrisia, no contexto dos fariseus, significa falsidade, dissimulação, mera representação, incoerência. Um hipócrita religioso, então, seria alguém que prega, mas não vive – um santarrão público, pecador de bastidores.
Existe, todavia, outra possibilidade de entender a hipocrisia, percebendo a incoerência dos fariseus em sentido inverso. Eles se mostravam bons quando se distanciavam dos espaços religiosos, mas se comportavam como gente horrorosa, quando investidos nas funções sacerdotais. O farisaísmo tipificou um clero perverso nos conclaves e dóceis na vida privada.
Jesus lidou com os fariseus em ambientes distintos. Nas refeições, nas conversas em “off”, eram afáveis, curiosos e abertos para o diálogo. Contudo, no instante em que se reuniam para deliberar sobre seus interesses religiosos se transformavam em pessoas temíveis. Jesus nunca evitou encontrar-se com qualquer fariseu fora do templo. E não há registro de ele comparecer a qualquer assembleia oficial da seita.
O sumo sacerdote Caifás não devia ser tão ruim quando brincava com os netos, mas na hora em que assumia as funções de chefe do templo revelava-se um facínora. Caifás foi capaz de conspirar na morte de um homem bom.
Conheço líderes religiosos cordatos e amigáveis, mas só se rodeados de filhos e netos. Desfrutei da intimidade de alguns e testemunho que foram companhias agradabilíssimas, desde que em ambientes não-religiosos. Os mesmos, vestidos em hábitos clericais, assustam. Reencontrei

Relacionados

  • A PRÉ HISTORIA DA ANTROPOLOGIA
    1904 palavras | 8 páginas
  • igreja do diabo
    981 palavras | 4 páginas
  • Do Etnocídio
    832 palavras | 4 páginas
  • TRABALHO DE TICA
    2135 palavras | 9 páginas
  • ANTROPOLOGIA
    636 palavras | 3 páginas
  • Barroco
    6294 palavras | 26 páginas
  • Laplantine, françois. "a pré-história da antropologia". - resenha
    766 palavras | 4 páginas
  • antrapologia
    480 palavras | 2 páginas
  • Conceito Antropologico de Homem
    492 palavras | 2 páginas
  • o padre antonio
    769 palavras | 4 páginas