Heróis ou monstrengos?

Heróis ou monstrengos?

Quero chamar a atenção para um detalhe da formação ética hodierna que molda o comportamento moral dos nossos jovens e crianças, preparando-as para a sociedade: ainda há pouco nossos pais e avós nos educavam com mãos de ferro e reclamávamos do excesso de autoridade na qual eles administravam seus lares. Mas as pessoas se amavam e se respeitavam mutuamente. Nossos pais trabalhavam na roça e de lá eles proviam o rústico sustento de nutrição moral e material para sua prole. A pesar de sua pouca formação intelectual, conseguiam educá-los para o respeito à vida em todos os sentidos.
Assistimos hoje, perplexos, a um show de barbárie e violência gratuita em todas as nuances. São jovens que, por motivos fúteis agridem, ameaçam e tiram a vida, banalizando-a inconseqüentemente. Vendo esse quadro, perguntamos – onde está a gênese do problema? Voltamos aos nossos pais e avós: eles trabalhavam de sol a sol, trabalho árduo, convenhamos, mas ao chegar a casa, encontravam sua família reunida e aberta ao diálogo onde esse convívio, esse olhar no olho, a oração ou o viola após o jantar ou ainda as estorinhas que nossas mães contavam até seus filhos dormirem, propiciavam o conhecimento e conhecendo, possibilitava o amor e o respeito.
Hoje corremos desenfreadamente tentando ganhar a vida e, esquecendo o essencial acabamos perdendo-a. Por querer prover o nosso lar com o conforto que a tecnologia nos oferece, não zelamos da nossa família com nossa presença efetiva e afetiva, tornando-nos hostis e indiferentes aos problemas que ela se nos apresenta. Com isso, ao chegarmos em casa, ao invés de afagarmos afetuosamente nossa família, damos-lha um presente, como se isso suprisse a necessidade do convívio. Ao invés de conversarmos, ligamos a televisão e ficamos letárgicos engolindo o conjunto de ideologias que ela nos impõe, ideologias que deseducam e desinformam. Somos pais que não mais levamos nossos filhos para a igreja para falar de amor (ou de Deus), mas