Hecceidade

6402 palavras 26 páginas
Resumo

Sem dar voz de filósofo ao grande escritor Marcel Proust, mas admitindo que, em sua obra maior, há muita riqueza a ser explorada pela filosofia, este opúsculo pretende examinar o conceito de hecceidade fabricado por Gilles Deleuze e Félix Guattari à luz de Albertine Simonet, uma personagem do grande romance proustiano Em busca do tempo perdido (À la recherche du temps perdu, 1913-1927).
Tal conceito aparece no Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia (vol.4) (Mille
Plateaux: capitalisme et schizophrénie, 1980), e é nesta obra que os filósofos afirmam que o conceito de hecceidade encontrou no pequeno bando (la petite bande) de moças na litorânea
Balbec sua melhor tradução: “o que é uma moça, o que é um grupo de moças? Ao menos Proust o mostrou de uma vez por todas: como sua individuação, coletiva ou singular, não procede por subjetividade, mas por hecceidade, pura hecceidade” (DELEUZE; GUATTARI, 2007, p. 62).
Avançando nesta direção, aventuramo-nos e extrair do bando Albertine, e avivados por ela, pesquisaremos a complexa individuação impessoal de Deleuze e Guattari.

I. Deleuze e Proust
Naturalmente não é de se ignorar o peso que as artes, e principalmente a literatura, tem na filosofia de Gilles Deleuze, e uma das obras literárias que mais instigaram o filósofo foi a obraprima de Marcel Proust, Em busca do tempo perdido (À la recherche du temps perdu), e a leitura filosófica de Deleuze do romance proustiano rendeu para a filosofia uma grande obra, Proust e os signos (Proust et les signes, 1964, 1970, 1976). Afora as virtudes filosóficas da leitura de
Deleuze sobre a obra de Proust, é latente em Proust e os signos a força da arte, e mais, a força da arte literária como um original elemento – ou um intercessor, como dirá Deleuze –, articulador de um novo pensamento, aquele vislumbrado pelo filósofo francês no pensamento nietzschiano
(Nietzsche et la philosophie, 1962). Entretanto, além de avançar nas trilhas da crítica ao
pensamento,

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