Graduando

O Censo e suas categorias
No capítulo Censo, mapa, museu de seu livro Comunidades Imaginadas1, Benedict Anderson coloca que o Estado (no caso específico estudado, o Estado colonial no Sudeste Asiático) engendra três instituições de poder (o mapa, o censo e o museu) de forma a moldar a maneira como este mesmo Estado compreende os seus domínios. O censo, que será o objeto deste trabalho, traz chaves de entendimento para este Estado acerca da natureza dos seres humanos em seu poder. A partir o censo é possível ao Estado formar categorias de identidades forjadas a partir de um princípio quantificável.
É bem verdade como Anderson explicita que estas identidades somente poderiam tornar-se verdadeiras à medida que elas tomam corpo na forma de vida social. No entanto, as categorias produzidas pelo censo são antes imaginadas pelo Estado para depois, após políticas de Estado pensadas a partir do censo, tomarem esta forma. São antes constructos de identidade que ganham contornos reais a posteriori. Há um ideia fictícia no censo que determina identidades partindo-se do princípio de que é possível englobar toda a sociedade em categorias, pois todos ocupam um lugar extremamente claro e, ao mesmo tempo, ninguém poderia não estar dentro do censo. A identidade é fixada e forjada a partir de classificações – a criação censitária seria uma agregação estrutural por meio da criação de imagens2.No Brasil, a partir do censo de 1940 os termos utilizados para definir a cor da população (isto é, a bem dizer, definir a ‘raça’ da população) não mais variam nos censos em diante3.
Estas classificações são preto, branco, pardo e amarelo. Curioso que logo no início do documento do censo, na nota prévia, se coloque que somente depois de os municípios terem fornecido suas definições cartográficas é que o censo foi realizado4.
Isto é, dado um parâmetro cartográfico de identidade, que delimita a população por meio do mapa (que é outro instrumento de poder problematizado por Benedict Anderson