Gaivota que queira ser pomba

Era uma vez uma gaivota que queria ser pomba, pois, dizia , que a sua espécie não servia para nada.
As pombas servem para levar cartas, mensagens e avisos, daí o famoso nome que lhes é atribuído – pombos-correio. Os correios são um serviço disponível a todos nós, que levam o que for necessário a qualquer parte do mundo, e durante muito tempo, eram quem tornava possível a comunicação. Os correios conseguem transportar qualquer coisa, até ervilhas. E é com ervilhas que muitas pessoas gostam de comer pombas, relembrou uma amiga da gaivota em tom de troça.
A gaivota ficou então sozinha a pensar que, de facto, não era a sua ambição tornar-se uma pomba para ser cozinhada, mas que nem como refeição seria muito apetitosa enquanto gaivota, uma vez que em momento algum se ouviu falar em gaivota estufada ou de cabidela. Porém, o arroz em que ela ia deitar-se estava a deixá-la com água na boca, por isso, tirou cinco minutos para espairecer e foi sobrevoar alto-mar para apanhar um peixe tenrinho.
Foi então que, do nada, lhe ocorreu: o restaurante japonês que faz o sushi tão bom que ela costuma comer de madrugada também deveria conseguir cozinhar muito bem pombas e gaivotas. Gaivota com amêndoas. Não lhe soou mal, foi a partir de aí que ela decidiu nunca mais ir lá comer.
Entretanto, e já de pança cheia, a gaivota voltou para o farol, onde as suas amigas que a tinham deixado sozinha, já estariam outra vez. Mas, não se passaram cinco minutos até se começarem a sentir entorpecidas, e então, em bando, foram até à areia, rente ao mar.
Era sinal de tempestade, os pescadores sabiam-no e não se arriscavam a ir para o mar, porque um barco não é seguro como um submarino e um submarino não dá para pescar.
A previsão de tempestade era algo que as gaivotas, e só as gaivotas de algum modo conseguiam fazer e foi assim que a gaivota que queria ser pomba se apercebeu que afinal sempre tinha alguma utilidade e foi, também, desde esse momento que desistiu de deixar de ser quem