fundamentos da educação

2 – A Educação como instrumento da expansão burocrática A hegemonia neoliberal e o respectivo domínio económico baseiam-se no exercício de uma autoridade e poder legais. Contudo, para tal é necessário que essa hegemonia assente num sistema gestionário e administrativo altamente burocratizado. Ora, a educação capitalista não põe este intento por mãos alheias: ela própria desenvolveu e continua a alimentar um quadro de políticas educativas que visam em tudo a solidificação de um sistema burocrático bem enraizado na sociedade e nas organizações que a caracterizam. A este respeito são elucidativas as palavras de Fernando Claudio P. Motta ao dizer que,
“ ... a educação moderna convencional tem (...) um papel fundamental, confirmando a previsão de Max Weber de que os estudantes seriam as principais vítimas do processo de burocratização. (...) As instituições educacionais e, de modo especial, a universidade nasceram como um espaço no qual o mestre forma os seus discípulos através da convivência diária. (...) Busca-se formar boas engrenagens, no melhor dos casos, e não pessoas adultas, maduras individual e socialmente. (...) De facto, a vida escolar apresenta os mesmos grandes traços das carreiras nas grandes burocracias públicas e privadas para onde se destinam os ‘frutos’ da escola.” [9]
A educação do sistema capitalista “produz” “funcionários” individualmente livres e sujeitos à autoridade apenas no que diz respeito às suas obrigações oficiais, que trabalham dentro de uma hierarquia de cargos predefinida e cada um desses cargos possui uma esfera de competência legal e oficialmente estabelecida. O cargo é preenchido mediante uma livre selecção dos candidatos seleccionados mediante as suas competências técnicas e são remunerados com salários fixos e graduados de acordo com o nível hierárquico. O cargo ocupado é a única ocupação do funcionário e baseia-se em fundamentos de progressão numa carreira sendo impessoal e existindo dentro de uma hierarquia