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1915 palavras 8 páginas
1 - O CASAMENTO NA CONTEMPORANEIDADE: NOVOS PARADIGMAS?
Carla Pontes Donnamaria*
O cenário social contemporâneo é notoriamente marcado pela diversidade no que diz respeito às configurações conjugais e familiares. Casais sem filhos por opção, casais que optam por morar em casas separadas, casais homoafetivos com filhos biológicos ou adotivos e casais recasados são exemplos dessa diversidade (Rios, 2007; Osório, 2010).
Isso não significa, no entanto, que houve uma mudança no propósito mais íntimo dos casais, ou sequer do indivíduo. Freud (1930/1996) já havia registrado que “o que eles
[os homens] pedem da vida e o que desejam nela realizar? (. . . ) Esforçam-se para obter felicidade; querem ser felizes e assim permanecer” (p. 84).
Ocorre que a sociedade sempre tentou definir aquele que seria o modelo ideal de casamento, bem como aquele que seria o parceiro ideal, modelo que recaía até alguns anos, ou há pelo menos duas gerações atrás, na exemplar mulher dona de casa e no homem trabalhador e provedor do lar. Hoje, no entanto, ao invés da eleição a um determinado modelo, preconiza-se a liberdade de escolha. Porém, não uma liberdade plena. É como se a sociedade dissesse: “você está livre para escolher, desde que prove que é feliz com a sua escolha”. Ou como diz Rossi (2003): “a liberdade de expressar a própria subjetividade, de realizar os próprios desejos nas suas mais peculiares manifestações tornou-se um dever a ser cumprido pelos cidadãos” (p. 91).
Ao invés de regras rígidas e fixas, através das quais a sociedade regulamentava a vida afetivo-sexual, “o que há são projetos ou perspectivas individuais orientados, sobretudo, para o bem-estar e o prazer próprios alcançados, preferencialmente, em curto prazo”
(Chaves, 2004, p. 197). A intolerância à frustração que daí resulta pode ser vista na manifestação de relacionamentos frágeis e voláteis (Bauman, 2004).
* Psicóloga, Mestre e Doutoranda em Psicologia como Profissão e Ciência pela

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