Estátuas latentes - análise sobre fotografia

1401 palavras 6 páginas
ESTÁTUAS LATENTES

POR ADELMO BORGES*

A introdução do computador no campo da fotografia fez com que uma série de noções e teorias referentes à imagem fotográfica tivessem que ser reformuladas. Através do processamento digital, pode-se alterar de tal forma uma imagem registrada por uma câmera fotográfica, que as fotos não podem mais comprovar coisa alguma. No entanto, essas mutações que podem ser feitas no material original não alteram a principal característica da fotografia, que é o seu poder de interromper o tempo, de deter o movimento em um instante arbitrário para perpetuá-lo ao infinito.
O que a imagem fotográfica carrega de mais fundamental não é seu efeito de verossimilhança ou de "certificado de presença", como acreditava Roland Barthes. Para o semiólogo francês, o efeito maior da fotografia não seria o de rememorar o passado, mas o de "atestar que o que eu vejo de fato existiu".
Mas Roland Barthes, que na época que escreveu "A Câmara Clara" não imaginava a revolução que o computador iria realizar, não se detém apenas na verossimilhança para analisar a fotografia. Ele também acentuou a sua relação com o tempo. "Quando se define um fotografia como uma imagem imóvel, isso não quer dizer apenas que os personagens que ela representa não se mexem; isso quer dizer que eles não saem : estão anestesiados e fincados como borboletas(...) Na fotografia, a imobilização do tempo só ocorre de modo excessivo, monstruoso: o tempo é obstruído".
A fotografia arranca com violência o tempo de sua duração cotidiana e congela os elementos que estavam inscritos numa certa configuração temporal. Essa temporalidade que a foto espelha transcende não só os dados culturais, estéticos e formais da foto, como transcende também seu modo de produção. É uma imagem que esgota-se no próprio espaço. Toda emoção, embevecimento ou estranhamento estão contidos em uma única imagem.
O momento singular

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