Distúrbio de voz e estresse no trabalho docente: um estudo caso-controle
Susana Pimentel Pinto GianniniI,II; Maria do Rosário Dias de Oliveira LatorreI; Leslie Piccolotto FerreiraII
IFaculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
IIPontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil
RESUMO
Determinar a associação entre distúrbio de voz e estresse no trabalho em professoras da rede municipal de São Paulo, Brasil é o objetivo deste estudo caso-controle, realizado com professoras com (n = 165) e sem (n = 105) distúrbio vocal. Foram utilizados os questionários Condição de Produção Vocal e Job Stress Scale. Os grupos são comparáveis nas variáveis de controle, diferenciando-se apenas quanto aos sintomas vocais. Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação ao estresse no trabalho na condição de alta exigência (OR = 2,1; IC95%: 1,1-3,9), que representa alta demanda associada a baixo controle do trabalho. Concluindo que a condição de alto desgaste associada ao grupo com distúrbio de voz, neste estudo, é a que apresenta maior risco de adoecimento físico e psíquico ao trabalhador. Ao perder a voz, o professor perde a possibilidade de manter-se em sua função, perde sua identidade profissional, o que coloca, em risco, a sua carreira como educador.
Distúrbios da Voz; Docentes; Saúde do Trabalhador
Introdução
O desenvolvimento do distúrbio vocal decorrente do uso profissional da voz tem se mostrado, cada vez mais, associado ao trabalho docente e levado os professores a situações de afastamento e incapacidade para o desempenho de suas funções, o que implica custos financeiros e sociais1.
Estudos indicam consistente associação entre o ambiente escolar e a ocorrência do distúrbio de voz entre os educadores, especialmente em escolas infantis e fundamentais2. Ruído excessivo, limpeza insatisfatória, iluminação e tamanho da sala inapropriados, entre outros, são fatores associados ao distúrbio de voz do