Discurso e história: a posição da igreja católica em volta redonda durante o regime militar

1.INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é analisar, nos discursos produzidos na historiografia sobre o período do regime militar de 1964, as imagens construídas sobre as relações da Igreja com o regime militar em Volta Redonda.
Para tanto se utilizou como suporte de estudo teórico e metodológico o referencial de Michel Foucault (1996), que segundo ele: “Os discursos não são combinações de palavras que representariam as coisas do mundo. Eles não são conjuntos de signos, mas práticas que foram sistematicamente os objetos que falam”. Os discursos, por sua vez, mais que descrevem as coisas do mundo, fazem-nas existir. Os discursos criam e dão sentido para a realidade em que nos encontramos, é através dos discursos que materializam as verdades da nossa cultura.
Na análise de Keith a história é um discurso cambiante e problemático, tendo como pretexto um aspecto do mundo, o passado, que é produzido por um grupo de trabalhadores cuja cabeça esta no presente (JENKINS, 2001, p.52). Sintetizando, a História aparece como sendo o que os historiadores fazem, na construção e interpretação de textos que buscam descrever o passado, que as narrativas historiográficas utilizadas, neste trabalho são compreendidas como práticas discursivas e, não verdades, sobre o tema.
Após a renúncia de Jânio Quadro, os militares tentaram proibir a chegada do vice-presidente João Goulart à presidência. Alguns membros das Forças Armadas tinham desconfianças sobre a trajetória de João Goulart. Eles alegavam que ao assumir a presidência, João Goulart poderia colocar em risco a segurança nacional. Vários grupos políticos conservadores associavam o então vice-presidente à ameaçadora hipótese da instalação do comunismo no Brasil.
Sobre a tendência de personalizar a historia, a análise de Jorge Ferreira, sustenta que para a direita civil-militar, Goulart era um demagogo, corrupto inepto e influenciado por comunistas. Estes motivos seriam suficientes, portanto para o golpe de Estado. O autor também