Diferença de Gênero na Dicotomia Público Privado
Thaíse Silva Rodrigues*
Resumo
Este artigo traz um debate a respeito da dicotomia público/privado, fundamental para a teoria política, e suas implicações na atual configuração de gênero na sociedade. São delimitadas as acepções dos termos gênero, público e privado, esclarecendo as ambiguidades correlatas. É feito um mapeamento da trajetória histórica e conceitual das correntes feministas, de modo que se possa criar um pensamento crítico a respeito das instituições sociais e desconstruir a falsa imagem de neutralidade projetada sobre o Direito. Intui-se desmascarar a realidade de institutos como o casamento e a família, esteio do patriarcado moderno e da opressão feminina, e outros mecanismos simbólicos de dominação; e expor a deficiência na inclusão social da mulher e seu tradicional afastamento da esfera pública. Além disso, é feita uma significativa crítica às teorias liberais principalmente aos contratualistas, que instituíram a esfera pública da liberdade civil - e às suas tentativas de encobrir através de um discurso politicamente neutro suas intenções de dominação de gênero. Palavras chave: Gênero. Feminismo. Público. Privado. Família
1 INTRODUÇÃO
Enfocando a dicotomia público/privado, tão difundida na teoria política, e suas implicações na atual configuração de gênero na sociedade, o presente texto faz uma reflexão teórica feminista, mapeando a trajetória histórica e conceitual dessas correntes políticas, principalmente as insurgentes a partir da década de setenta, evidenciando nelas, apesar das disparidades, um ponto de congruência que aponta para a dicotomia aqui destacada.
A partir daí, são delimitadas as acepções dos termos gênero, público e privado, clarificando as ambiguidades que permeiam estes vocábulos, essenciais em toda a discussão. É por meio dessas definições que se parte para questões como a deficiência na inclusão social da mulher e seu