Democracia das Elites

A Democracia das Elites

a. Uma questão de ideologia:
Antes de entregar-se à Polícia Federal para cumprir o mandato de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal, José Dirceu, ex-Ministro de Estado do Governo Lula, publicou em seu blog um texto chamado “Carta ao povo brasileiro”, que foi divulgado pela Zero Hora, em 15 de novembro de 2013. Nesta Carta, José Dirceu dizia, “[...] Fui preso político durante a ditadura militar. Serei preso político de uma democracia sob pressão das elites.”1 (Grifo meu)
“Democracia sob pressão das elites”, é o que declara o ex-Ministro Chefe da Casa Civil. Declaração um tanto quanto reveladora e conformista. Reveladora e conformista por considerar que mesmo depois de dez anos de um governo popular de centro-esquerda, algumas mudanças importantes na base da democracia brasileira ainda não foram alcançadas.
O homem forte do primeiro Governo do PT acaba por considerar, claramente, que por mais que o PT, no Governo do Presidente Lula e que se estende à Presidenta Dilma, tenha realizado mudanças sociais essenciais no País, a sociedade continua sendo levada pelos princípios e ideais de uma classe média, que segundo a filósofa Marilena Chauí, é fascista, violenta e ignorante2, e a democracia, por mais que se force contra, continua servindo à uma pequena parcela da população brasileira, isto é, às elites.3
Segundo Marx e Engels, o fato de a democracia continuar servindo a este pequeno número de brasileiros se dá em razão da ideologia.
A produção das idéias, das representações e da consciência está, a princípio, direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens; ela é a linguagem da vida real. As representações, pensamento, o comércio intelectual dos homens aparecem aqui ainda como a emanação direta de seu comportamento material. O mesmo acontece com a produção intelectual tal como se apresenta na linguagem da política, na das leis, da moral, da religião, da metafísica etc. de todo um povo. São os