Cultura organizacional

Escrever um capítulo dedicado ao conceito de cultura organizacional não é tarefa fácil, mas é estimulante. Um dos riscos que comporta diz respeito à diversidade de significados que lhe estão associados, à ausência de um consenso sobre o que é ou o que deveria ser. Trata-se de um conceito polémico, mas nem por isso menos atrativo e popular, quer na comunidade científica quer na empresarial.
O número de publicações sobre o tema, a ausência de que este gozo junto do management e de meios académicos, a atenção e interesse que tem merecido por parte de vastos sectores da opinião pública, atestam a sua popularidade. Segundo Adler e Bartholomew (1992) 70% dos artigos das revistas internacionais sobre o comportamento organizacional e gestão de recursos humanos incluem uma referência ao conceito de cultura organizacional e 93.8% dos artigos neles contidos defendem a relevância teórica e prática do conceito. Para tanto terá certamente contribuído o desafio que o sucesso do «modelo» de organização e gestão japonês tem constituído, nos anos 80 e 90, dando origem a um renovado interesse pelo contexto cultural em que operam as organizações (Gomes, 1990), bem como ao desenvolvimento de estudos inter-culturais e de analise comparativas de praticas de gestão (v.g., Lincoln, 1990; Redding, 1994). Acresce que os anos mais recentes tem sido marcados por um significativo movimento de fusões e aquisições, bem como de falências, reestruturações e reconversões, que afectaram, quer as atitudes face ao trabalho, quer a natureza do trabalho e das próprias organizações . estas mudanças no ambiente de negocio, associadas a outras, designamente as de ordem tecnológicas e societal, conduziram a uma alteração significativa nas praticas de gestão, com particular incidência na gestão de recursos humanos.
A emergência da perspectiva cultural sobre as organizações visou, neste contexto, constituir uma resposta (ou parte da resposta) aos problemas suscitados pelas mudanças e desafios entretanto