Comunicação

A POLIDEZ LINGÜÍSTICA
Uma parte considerável das investigações recentes no campo da sociopragmática tem se voltado para as propriedades da comunicação que dependem do caráter inerentemente social das interações verbais e é neste contexto que surge o interesse pela polidez conversacional. Tradicionalmente, o termo polidez foi concebido como um conjunto de mostras de respeito ou deferência (Escandell-
Vidal, 1995). Porém, em um enfoque moderno, a polidez é entendida como fruto da necessidade humana de manter o equilíbrio nas relações inter-pessoais e a sua manifestação externa seria o conjunto de estratégias lingüísticas que podem ser utilizadas por um falante para evitar ou reduzir o conflito com o interlocutor quando os interesses de ambos não coincidem. Esta é a perspectiva predominante na Teoria da Polidez de Brown & Levinson (doravante
B & L), a qual, apesar das críticas e reformulações, tem sido uma referência inegável para os estudos nessa área.
B & L trabalham com a noção metafórica de face, elaborada por Goffman (1967), que é a imagem pública que cada indivíduo tem de, e reivindica para, si. Essa imagem apresenta duas vertentes: por um lado, o desejo de não sofrer imposições, que é a face negativa; por outro, o desejo de ser apreciado, que é a face positiva. Nessa perspectiva, a face é revestida emocionalmente, podendo ser perdida, mantida ou acentuada, e deve ser constantemente preservada.
Nesse modelo, além do conceito de face, devem acrescentarse dois pressupostos básicos: (a) que o comportamento humano em geral, e a comunicação em particular, são racionais e (b) que a relação social pode representar uma ameaça para a face ou imagem de cada indivíduo. Entretanto, a noção de face e a correlação entre esta e a polidez tem sido um dos aspectos problemáticos na teoria de B & L, sendo contestada a partir de estudos realizados em diferentes culturas
(cf. Vilkki, 2006; Watts, 2003). Como indica Boreti (2000: 85), “la imagen puede