Comentário filme
Conforme o título sugere, “Quanto vale ou é por quilo?” apresenta as relações humanas definidas pela troca, onde as pessoas viram coisas, mercadorias, que são trocadas de acordo com os interesses de cada parte envolvida. A miséria ou a prisão do outro é utilizado apenas como um meio para alcançar seu objetivo: o lucro.
Com tantas desigualdades sociais, impunidade, violência e corrupção, são o poder e a riqueza que prevalecem sobre as leis e valores. As concepções do que é certo ou errado, do que é o bem e do que é o mal se tornam relativas. “Fazer o bem” tem o significado diferente para as socialites que realizam ações filantrópicas, como desencargo de consciência; e para o bandido que seqüestra o empresário, fazendo justiça social com as próprias mãos.
A contextualização histórica dos diversos pontos de vista retratada no filme mostra que a vontade de lucrar em cima da miséria e dos miseráveis, existente na prática da comercialização dos escravos, no século XVIII, continua até os dias de hoje, através do mercado da solidariedade, do voluntariado, do assistencialismo, do projeto filantrópico de inclusão digital que superfatura na compra de computadores de terceira linha e que também se utiliza da funcionária pobre e de pouca instrução como “laranja”, dos corruptos que se aproveitam cada vez mais do dinheiro público. Ou seja, o velho esquema continua, só que mais