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|[pic] |UNIVERSIDADE PAULISTA – unip |
| |IPT-INTERPRETaÇÃO E PRODUÇÃO DE TexTO |
| |ENGENHARIA |

4ª AP.

MEU REINO POR UM PENTE
Paulo Mendes Campos

Filhos, diz o poeta, melhor não tê-los. Já o Professor Aníbal Machado me dizia, que a vida pode ter muito sofrimento, o mundo pode não ter explicação alguma, mas, filhos, era melhor tê-los. A conclusão parece simples, mas não era; Aníbal tinha ido às raízes da vida, e de lá arrancara a certeza imperativa de que a procriação é uma verdade animal, uma coisa que não se discute, fora de alcance do radar filosófico. Ele dizia: "Eu não sei por que, mas fazer filhos é o que há de mais importante". Engraçado é que depois dessa conversa fui descobrindo devagar a melancólica impostura daquelas palavras corrosivas do final de Memórias Póstumas: "não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria". Filhos, melhor tê-los, aliás, o mesmo poeta corrige o pessimismo daquele verso, quando pergunta: mas, se não os temos, como sabê-lo? Resumindo: filhos, melhor não tê-los, mas é de todo indispensável tê-los para sabê-lo; logo, melhor tê-los. Você vai rir de mim ao saber que comecei a crônica desse jeito depois de procurar em vão meu bloco de papel. Pois se ria a valer: o desaparecimento de certos objetos tem o dom de conclamar, por um rápido edital, todas as brigadas neuróticas alojadas nas províncias de meu corpo. Sobretudo instrumentos de trabalho. Vai me por água a baixo o comedimento quando não acho minha caneta, meu lápis, meu papel, minha cola... Quando isso acontece (sempre) até taquicardia costumo ter; vem a tentação de

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