Capitães de Areia - um retrato da vida real
A juventude é um bem imenso que você não prolonga. A juventude se acaba, nem que você queira iludir-se com esse negócio de jovem de espírito. Jovem é jovem, ponto final.
Jorge Amado, em 1988, sobre escrever menos conforme o avanço da idade.
1. Sobre o autor
Jorge Amado de Faria nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, zona cacaueira ao sul do Estado da Bahia. Passou a infância dividido entre a cidade natal e Salvador. Filho de um comerciante sergipano que chegou a proprietário de terras na região do cacau ( sul da Bahia ). Fez o curso primário em Ilhéus e o secundário com jesuítas em Salvador e no Rio. Na capital baiana levou vida de jornalista boêmio nos fins da década de 30. O Modernismo encontrava então, na
Bahia, os primeiros ecos e as primeiras oposições: Jorge Amado ligou-se à efêmera “Academia dos Rebeldes”.
Foi para o Rio de Janeiro, então capital da república, para estudar na
Faculdade de Direito da então Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade
Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante a década de 1930, a faculdade era um pólo de discussões políticas e de arte, tendo ali travado seus primeiros contatos com o movimento comunista organizado.
Foi jornalista, e envolveu-se com a política ideológica, tornando-se comunista, como muitos de sua geração. São temas constantes em suas obras os problemas e injustiças sociais, o folclore, a política, crenças e tradições, e a sensualidade do povo brasileiro - contribuindo assim para a divulgação deste aspecto de nossa gente.
Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro
(PCB), o que lhe rendeu fortes pressões políticas. Mesmo dizendo-se materialista, era simpatizante do candomblé, religião na qual exercia o posto de honra de Obá de Xangô no Ilê Opó Afonjá, do qual muito se orgulhava.
Era casado com Zélia Gattai, também escritora, e quem o sucedeu na