BACON

RESUMO

O terceiro capítulo do livro A ciência e a filosofia dos modernos apresenta a visão baconiana acerca do conhecimento, demonstrando os aspectos da ciência (saber) e a tentativa de reformá-la num esquema teológico, em que envolve severas críticas a doutrinas e escolas filosóficas que seguiam um caminho inadequado do saber. O capítulo inicia-se com a ideia de que o saber é uma atividade que tem por escopo o resgate, a redenção e a reintegração do homem, retomando a sua condição primitiva e plena. Isso faz parte de um grandioso esquema teológico que fornece a cultura um conjunto de diretrizes, as quais guiariam ao melhor caminho do saber (direção ideal). Mais adiante, há explicitação da relação desse esquema com a obra de Bacon, em que se pretende demonstrar que tanto a recusa baconiana da cultura grega e da filosofia escolástica em razão da contraposição da Bíblia a filosofia de Aristóteles, quanto a inserção da reforma do saber as noções de pecado, de expiação e de redenção têm motivação religiosa. Posteriormente, introduz-se um dos principais elementos da filosofia de Bacon, que é a ideia de que o ser humano avançou pelo caminho mais difícil do saber. Isso pressupõe a crítica a filósofos da antiguidade e, principalmente, à filosofia de Aristóteles, visto que esta em vez de manter o apreço pela realidade e respeito pela obra do Criador (natureza), ouvindo-a e interpretando-a; priorizou as astúcias da mente humana e a obscuridade das palavras, o que torna a filosofia estéril de obras proveitosas para a vida do homem. A esterilidade seria a precipitação da filosofia grega em se chegar à universalidade do saber e a totalidade da natureza, sem análises profundas e tentativas cautelosas da obra do Criador, e sim através de discursos e enunciados perfeitos e harmônicos. Por tal razão, há a busca incessante de Bacon em substituir essa filosofia (a variedade de doutrinas e filosofias são parte da filosofia

grega) por uma filosofia que tenha