As relações naturais de Qorpo Santo: um breve comentário

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE
LICENCIATURA EM LETRAS
PANORAMA DA DRAMATURGIA BRASILEIRA
PROFESSORA: Renata Pimentel
Aluno: Gustavo Henrique Rodrigues da Silva
AS RELAÇÕES NATURAIS DE QORPO SANTO: UM BREVE COMENTÁRIO
Qorpo Santo: vida e obra
Bosi, na sua História concisa da literatura brasileira (1994), insere Qorpo Santo no capítulo destinado ao realismo, intitulando o seu breve estudo de “Qorpo-Santo, um corpo estranho”. A ideia de um corpo que não se integra a um todo é muito adequada para definir o homem Joaquim de Campos Leão, o Qorpo Santo, bem como a sua obra.
Nascido em 19 de abril de 1829 na Vila do Triunfo, Rio Grande do Sul, Joaquim de
Campos Leão, tão cedo, ficou órfão de pai. Foi professor primário de escolas públicas da região. Com a sua esposa teve três filhas e um filho. Contudo, os fatos mais marcantes da sua vida, aparecem em 1862, quando sua capacidade mental passa a ser questionada pelas autoridades escolares. Em 1868 é considerado inapto para lecionar e administrar seus bens. Nessa época, ele começa a redigir a sua Ensiqlopédia, qorposantense na qual reuniu as suas obras. Ao mesmo tempo, Qorpo Santo passa a se envolver em diversas polêmicas, inclusive, com o juiz de Órfãos e Ausentes, “que determina sua interdição” (FRAGA, 2012, p. 13). Em 1883 falece em Porto Alegre, abandonado pela família, vitimado por uma tuberculose.
A ideia de um corpo estranho, de Bosi, é significante pela própria vida desse homem que, no sentido darwiniano, não se adaptava ao meio social de sua época, como também na sua obra, destoante de toda produção literária de sua época, marcada pelo realismo e pelo naturalismo. Os seus textos de teatro revelam – lidos após cem anos, isto é, a partir da década de cinquenta do século XX – um alinhamento com as vanguardas do início do século XX, sobretudo, o Surrealismo. Na visão de Bosi (1994,
p. 274), essa leitura tardia favoreceu o olhar crítico, pois já estava “treinado em
Pirandello,