Arquivos militares: a história em prateleiras

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Arquivos militares: a história em prateleiras
O que existe nos arquivos dos militares

Rogerio Schlegel | 01/04/2005 00h00

No ano passado, depois de ter consultado milhares de documentos, lido centenas de livros e entrevistado mais de cem pessoas para a biografia do guerrilheiro Carlos Marighella que está escrevendo, o jornalista Mário Magalhães tropeçou em uma foto inesperada: Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, desaparecido durante a ditadura militar. Morto. A foto havia sido feita para acompanhar a autópsia do militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e provava que tinha sido assassinado sob a guarda do Estado. Ao lado da foto, uma anotação informava que aqueles documentos não deveriam ser revelados. Perdida num mar de papel, nos Arquivo Público do Estado de São Paulo, Magalhães encontrou uma pista que pode ser decisiva para a localização do corpo de Jonas, 35 anos após sua morte.

O caso é exemplar, em vários sentidos, do que ainda pode ser descoberto nos arquivos da ditadura, que até hoje só foram parcialmente abertos. Mostra que a parte que já foi liberada à consulta ainda guarda segredos. Indica que houve ações intencionais para ocultar seu conteúdo. Prova que mesmo atos ilegais foram documentados. E demonstra que os arquivos podem ser fundamentais para a reconstituição do que ocorreu no período.

É verdade que, do ponto de vista macro, não se esperam grandes revelações históricas a partir dos documentos. Quem duvida que João Goulart foi derrubado por uma conspiração que uniu militares e civis? Como questionar as estatísticas do milagre econômico, se o brasileiro viu com seus próprios olhos a economia crescendo? Há algum sinal de fraude significativa que tenha minimizado a boa votação da oposição, no fim do regime? A enormidade de dados torna muito mais fácil escrever a história recente do que, por exemplo, recuperar como era a vida dos maias.

Ocorre que, no caso específico da ditadura militar instalada em 1964, as atividades clandestinas

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