Análise da obra de Manoel de Barros

2685 palavras 11 páginas
Seria uma conclusão ingênua imaginar que em Livro Sobre Nada (2013) o poeta pantaneiro Manoel de Barros escreve sobre o Pantanal ou sobre a natureza, ou ainda “sobre as coisas pequenas” do cotidiano. Apesar de que tais temas figuram como pano de fundo em sua obra, o leitor maduro percebe que o Pantanal e o que cerca o dia a dia dessa região está lá, mas não apenas. O próprio Manoel de Barros afirma que sua produção poética versa “sobre nada” como bem diz o título de uma de suas obras. O poeta aponta, também para “coisas desimportantes” ou “desúteis” conforme suas próprias palavras. Alguns podem pensar ainda que ele trata do cotidiano corriqueiro de uma criança em ambiente bucólico. Para melhor iluminar essas ideias afirmativas pode-se contar com os seguintes versos do filósofo alemão Nietzsche que conceitua o pintor realista e seu desejo de apreender o “real”:
"Natureza, fiel e completa! Como pode chegar a isso?
Quando se conseguiu liquidar a natureza numa imagem?
Mais ínfima parcela do mundo é coisa infinita.
Dele só pinta o que lhe agrada.
E o que lhe agrada?
O que sabe pintar!" Nietzsche ( A Gaia Ciência )
Por mais singela ou insignificante que pareça ser uma manifestação poética, ela é grandiosa: Mais ínfima parcela do mundo é coisa infinita. No fragmento acima citado, além de desmistificar a questão da representação da natureza, seja por meio da palavra poética ou de outra manifestação artística, o filósofo aponta que registrar o real seria um trabalho quase impossível de se realizar, ou seja, ser fiel ao “real” através de uma obra de arte é tarefa constante da esfera do impossível. Até porque a palavra é uma representação simbólica do real.
Oriundo da vertente filosófica, Nietzsche aponta outra essencial condição ou substância que compõe o poema: a “imagem”. Segundo o filósofo, uma imagem é o que poderia aproximar a natureza e a realidade. Assim diríamos: se um poeta quer dizer algo, ele pode recorrer a imagens sobre aquilo

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