Análise crítica do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector
Resumo: Análise do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector, em relação ás características da obra pertencentes ao modernismo, cujo trabalho com o fluxo de consciência e com a linguagem se dá com indagações existenciais, pelo inconsciente, e pela autoanálise com projeções da filosofia existencialista. A narrativa se estrutura a partir de um narrador-personagem que fala de si mesmo e de um narrador onisciente que conta a história de Macabéa.
Palavras-chave: Clarice Lispector, personagens, Geração Modernista. Ao observar a obra de Clarice Lispector, percebe-se que "A Hora da Estrela" é também uma despedida da autora. Lançada pouco antes de sua morte em 1977, a obra conta com a participação de Rodrigo S. M., o narrador-personagem criado por Clarice. Rodrigo é um escritor solitário que encontra Macabea, uma alagoana órfã, virgem e solitária, criada por uma tia tirana, que a leva para o Rio de Janeiro, onde trabalha como datilógrafa. Ele sente um desejo imenso em escrever sobre a moça, pois a nordestina aguçou seus pensamentos. O enredo da história demora a se desenrolar pois, logo no início da obra, o narrador se preocupa em conhecer e entender a vida de Macabéa, buscando um ponto exato para começar a descrevê-la, como é perceptível no trecho:
“Se estou demorando um pouco em fazer acontecer o que já prevejo vagamente, é porque preciso tirar vários retratos dessa alagoana. E também porque se houver algum leitor para essa história quero que ele se embeba da jovem assim como um pano de chão todo encharcado. A moça é uma verdade da qual eu não queria saber. Não sei a quem acusar mas deve haver um réu.” (LISPECTOR, 1977, p. 45)
Rodrigo permite que o leitor conheça a personagem e também nos faz conhecê-lo. Ele escreve para poder compreender-se. O narrador não deixa claro como conheceu Macabéa, mas estabelece com ela um vínculo mais profundo, que é o da comum condição humana, ele vê a jovem como alguém que merece