Antígona sofista

7541 palavras 31 páginas
desígnio

7 jul.2011

ANTÍGONA CONTRA O SOFISTA
Mauro Bonazzi*

BONAZZI, M. (2011). “Antígona contra o sofista”. Archai n. 7, jul-dez 2011, pp. 75-85. RESUMO: O objetivo deste artigo é mostrar que uma interpretação correta da Antígona de Sófocles tem que levar em conta também os seus pontos polêmicos. Mais precisamente, uma comparação com Protágoras pode provar-se útil. Na verdade, o principal motivo de desacordo entre Antígona e Creonte não se refere tanto à oposição entre a família e o Estado como duas abordagens distintas da realidade e do ser humano. Antígona, por um lado, defende um mundo regido por leis divinas, cujo significado pode escapar à compreensão humana, mas que, apesar disso, os homens respeitam. Creonte, por outro lado, enfatiza a capacidade política que permite aos seres humanos criarem um mundo humano para nele virem. Esta visão claramente faz recordar o humanismo e o relativismo de Protágoras, uma filosofia bem conhecida na Atenas do V século a.C. Mas o problema para Sófocles é que um mundo no qual o homem é a única medida corre o risco de se tornar um mundo sem medida ou, pior ainda, um mundo com a força sendo a única medida, assim como o exemplo de Creonte se mostrará na segunda parte da tragédia. ALAVRAS-CHA VRAS-CHAVE: P ALAVRAS-CHAVE: Antígona, Sófocles, Protágoras, nomos, Relativismo.
3. Para uma discussão aprofundada veja-se o exemplo de MEIER, 2000. * Professor de História da Filosofia Antiga, do Departamento de Filosofia da UniversitaÌ degli Studi di Milano. E-mail: mauro.bonazzi@unimi.it . 1. Cf. PLATÃO, Leis III 701a. 2. Cf. VEGETTI, 1989, p. 49.

Com um célebre ataque, escrito muitas décadas distante do grande V século, Platão conseguiu captar o significado e a importância do teatro para Atenas: mais do que uma democracia, Atenas é uma “teatrocracia” . Atenas é uma teatrocracia porque o teatro é o espelho da cidade, no qual a cidade “se apresenta na frente de si mesma, compartilhando seus conhecimentos, suas exigências

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