Amor dantes: moto e mote

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Amor dantesco: moto e mote

Para nós, herdeiros de tudo o que foi dito do amor pelos românticos, por Freud e por tantos outros, talvez não seja nada de mais o que Dante pensou e escreveu sobre o amor; basta-nos uma passada de olhos e tudo que a isso diga respeito nos parece questão de somenos, e seguimos adiante para aprofundar aspectos que julgamos realmente dantescos na obra do autor d’A Divina Comédia.
E talvez essa postura não esteja de todo inadequada: a questão do amor desgastou-se; desde seu decantar senhoril e trovadoresco até seu aspecto incestuoso e reprimido nas categorias freudianas, o discurso amoroso fez-se circular e pueril, talvez na mesma medida em que as pessoas vão passando a eleger o isolamento como o mais “badalado” estilo de vida e o sexo como a única e efêmera forma de aproximação do outro.
Não obstante, negada, sublimada, travestida ou não, a exigência mais insistente das pessoas em geral continua a ser a união humana (O homem é um animal político? O homem é um animal erótico?), e essa exigência tem permeado toda a história da humanidade, tratada (ou destratada) como amor no nível íntimo e individual.
Também a Dante apresentou-se essa questão, certamente; mas, então, os tempos eram outros. Quanto ao contexto das ideias, os conflitos intelectuais da época opunham o conhecimento pela fé ao conhecimento pela razão, a teologia à filosofia, a crença na revelação bíblica às investigações dos filósofos gregos, oposições que encontravam seguramente sua correspondência na dicotomia teológica de corpo-alma; quanto ao contexto pessoal, Dante (ou personagem que ele criou de si mesmo) escolheu ou se impôs (ou se lhe impôs), metaforicamente ou não, o caminho da não-concretização da união humana inspirada no sentimento do amor [não por acaso, já que ainda hoje é o amor não concretizado o que mais inspira cantos e desencantos]e fez disso um dos pilares das suas obras, cujo ápice alegórico encontraria sua melhor imagem no Paraíso d’A Divina Comédia:

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