Alfabetização
I – Introdução – Este trabalho investigou, sob a perspectiva dos professores, os saberes docentes requeridos na alfabetização bem sucedida de crianças de uma escola pública da periferia urbana do Nordeste brasileiro. Segundo Saviani (1991, p.16), “o saber é o objeto específico do trabalho escolar”. Em se tratando da alfabetização, esse saber adquire uma especificidade ainda maior, tanto no ensinar como no aprender, exigindo que o professor domine e articule uma gama de saberes – os saberes docentes – para que possa mediar, com sucesso, tal aquisição. E, principalmente para as crianças das classes populares, a escola é o local por excelência para essa apropriação. Ali é bastante significativa a interação/cooperação da criança com os seus pares, nas suas aquisições, visto que a alfabetização não é simplesmente adquirida, mas co-construída no processo de escolarização (Cook-Gumperz, 1991). A alfabetização é, pois, uma aquisição social/individual e, nesse processo, exercem papéis relevantes, tanto o contexto intra como o extra-escolar, favorecendo ou não as mediações. Desvelando, junto a professores alfabetizadores, os seus “saberes experienciais” (Gauthier et. al. 1998) ou “adquiridos experienciais” (Canário, 1999), o trabalho pretende contribuir para os cursos de formação inicial e contínua de professores, uma vez que, “para além da evolução dos saberes escolares, há a própria consideração dos saberes construídos a partir da experiência, da tradição ou do trabalho, e que não cabem no livro da escola” (Nóvoa, 1999, p.6).
Em termos paradigmáticos, a investigação se inscreve no Paradigma Qualitativo de Pensamentos do Professor (Villar Angulo, 1988), utilizando como referências metodológicas, o estudo de caso e a história de vida, através de uma abordagem multifacetada de coleta de dados: a observação participante, o questionário, a entrevista semi-estruturada e os documentos