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Mariana Recena Aydos1
(Doutoranda pelo IPPUR/UFRJ)
Introdução
Para a presente análise parte-se do recurso metodológico proposto por Patarra (2003), de compreender o fenômeno migratório a partir das relações entre espaço, migrações e economia em um determinado período histórico. Patarra apresentou de forma esquemática períodos
históricos (etapas migratórias) que permitem entender a dinâmica da migração interna no
Brasil. Por etapa migratória entende-se os principais fluxos de deslocamento em termos de volume populacional cuja principal força são os desequilíbrios do desenvolvimento econômico regional. Isto quer dizer que os centros de desenvolvimento econômico atraíam população de regiões menos promissoras, caracterizando o fluxo de mão-deobra. O fluxo migratório é, portanto, entendido como o deslocamento de mão-de-obra em potencial. A esta interpretação, nitidamente econômica, deu-se o nome de teoria de atração-expulsão (Lee, 1966).
O primeiro período identificado por Patarra começou com a instauração da
República. A formação da mão-de-obra empregada na produção de café era constituída não apenas por imigrantes internacionais, mas também por brasileiros vindos de regiões cujo ciclo produtor havia chegado ao fim. Sabe-se que o volume de migrantes internos neste período foi parco, porém existente. Neste período, o fluxo que foi estruturante da economia e da sociedade brasileira foi o de imigrantes internacionais, em especial italianos, portugueses e espanhóis. Sobre o período, Pacheco e Patarra (1997) apontam que, embora decisivos na transformação social rumo à industrialização, eles foram basicamente explicados a partir da perspectiva da expansão do capitalismo 2, e não
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Trabalho elaborado para a XVI Semana de Planejamento Urbano e Regional do IPPUR/UFRJ. Trata-se de uma versão preliminar de trabalho em