O Reino do Ndongo no Contexto da Restauração
Flávia Maria de Carvalho[1]
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Resumo:
O principal objetivo do artigo é analisar as relações estabelecidas entre os governadores e funcionários da Coroa portuguesa e as autoridades locais do reino do Ndongo, no período de 1640 (Restauração portuguesa) a 1671 (fim da autonomia política da região). O período foi marcado por uma série de conflitos como as invasões holandesas nos territórios que posteriormente passaram a ser chamados de Angola, e embates travados entre religiosos da Companhia de Jesus e capuchinhos italianos que contestavam o monopólio do missionarismo português na África Centro Ocidental.
Palavras-chaves: História de Angola, reino do Ndongo, elites políticas africanas, administração portuguesa.
Abstract:
The main purpose of this paper is to analyze the relations between governors and officials of the Portuguese Crown and local authorities of the kingdom of Ndongo, between 1640 (Restoration of Portugal) to 1671 (end of the political autonomy of its region). The period was marked by a series of conflicts as the Dutch invasion in the territories that later came to be called Angola, and clashes between religious caught the Society of Jesus and Italian Capuchin who were contesting the monopoly of Portuguese missionarism in Western Central Africa.
Key-words: History of Angola, the kingdom of Ndongo, African political elites, Portuguese administration.
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Apresentação
A partir da década de quarenta do século XVII o então reino do Ndongo passa a ser o cenário de importantes embates internacionais. Em um primeiro plano os colonizadores portugueses, estabelecidos nos territórios da África Centro Ocidental desde finais do século XV, são desafiados por invasores holandeses que tinham pretensões nítidas, e até mesmo óbvias, de tomar o controle do fornecimento de