O Ofício do Historiador Antigo

Os intrumentos que o historiador tem a sua disposição são as evidências empíricas e teorias explícitas e através deles tentam dar sentido ao passado. É claro que não reconstroem o passado minuciosamente, pois o passado é inacessível, não pode ser recuperado exatamente da forma que foi. O único acesso que o historiador tem do passado é o presente, através de obras de referência, objetos e memórias de indivíduos vivos; são restos de um passado que não existe mais, são sobreviventes desses períodos antigos e que podem ser tratados como documentos. Esses documentos – que são chamados também de vestígios – não são exatas representações do passado, eles apenas permitem que o passado seja discutido sem que quem o discuta tenha vivido nele. A história produzida por historiadores é uma ciência, que considera que os documentos são fundamentais para a reconstrução do passado, através deles pode-se confirmar ou negar realidades e são provas de que algo realmente existiu ou não; por ser uma ciência, ela é diferente da ficção histórica e de outros produtos da memória coletiva. Isso é confirmado através das mediações, que são fundamentais na forma em como os historiadores escrevem a história – selecionam fatos entre os vestígios e se baseiam em teorias provenientes da sociedade e da ação humana e em determinados modelos da sociedade que querem estudar; teorias e modelos de realidade que são deduções da existência de uma ordem, são modos de encarar os objetos estudados, de selecionar fatos e os relacionar, relacionam os fatos sem conexão que aparecem nos documentos, interpretando de uma maneira que faça sentido. Teorias, modelos e documentações são fundamentais para explicar o trabalho do historiador e a interpretação do passado que sugere, porém não são suficientes, necessitam também de um contexto, o que é decisivo. Os vestígios do passado são desconexos e para explicar realidades passadas, os historiadores devem relacionar os vestígios que foram produzidos em tempos e lugares