O movimento estudantil antes e depois do golpe de 1968
No final da década de 50, o movimento estudantil começou a crescer, com a criação de inúmeras faculdades e universidades. Num país em desenvolvimento, o acesso ao ensino superior passou a ser condição fundamental para acelerar o processo de modernização, ao mesmo tempo em que abria novos caminhos para a mobilidade e ascensão social. O aumento do número de estudantes coincidiu com o crescimento e consolidação de novas correntes políticas no meio universitário. As novas correntes políticas se tornaram hegemônicas e defendiam ideologias ligadas à esquerda.
Essas correntes esquerdistas foram bem sucedidas ao canalizarem a grande insatisfação dos jovens diante das deficiências e problemas do sistema de ensino superior. A década de 60 presenciou as primeiras grandes mobilizações em defesa de reivindicações de caráter educacional. Na primeira metade dos anos 60, a chamada "Reforma da Universidade" consistiu em uma das mais importantes lutas do movimento estudantil.
O golpe militar repercutiu significativamente no movimento estudantil. A influência das correntes políticas de esquerda levou as autoridades militares a reprimirem as lideranças estudantis e desarticularem as principais organizações representativas. Primeiramente a UNE foi posta na ilegalidade. Foram criadas novas organizações e novos procedimentos foram adotados para seleção de seus representantes.
O ano de 1968 começou com algumas lutas ainda em janeiro e fevereiro, encabeçadas por secundaristas e estudantes do restaurante Calabouço, no Rio, exigindo mais vagas nas universidades e melhorias no restaurante. Foram manifestações importantes e combativas, mas nada indicava o que viria depois. Em março o movimento cresceu. Estudantes da USP, Fundação Getúlio Vargas e PUC ocuparam suas reitorias. No Rio de Janeiro as mobilizações do Calabouço se fortaleciam. E então, num fim de tarde do dia 28 de março, a ditadura assassinava Edson Luís quando a policia