O lugar dos pobres na cidade

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O lugar do pobre na cidade: dos Cortiços à Favela

2.1
O cortiço: o lugar das classes perigosas
Há cento e dezoito anos, o Brasil saia da monarquia e passava à
República a partir de um golpe de Estado dado pelo exército, apoiado pelas elites cafeeiras e pelos setores médios urbanos. Nesse episódio o povo assistiu a tudo
“bestializado” (Carvalho,2002), ou seja, não participou e muito menos foi convidado a se juntar aos republicanos que, no entanto, proclamavam a República em seu nome. Nascia um novo regime de governo, mas as velhas práticas

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continuariam e, infelizmente, ainda nos acompanham até hoje.
Contudo, o projeto republicano era elitista sem ser unitário. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho (2003), havia, pelo menos três grupos políticos que reivindicavam “Repúblicas” diferentes: os liberais defensores de uma República ao estilo estadudinense; os jacobinos defensores de uma República popular nos moldes da idealizada por Robespierre durante a Revolução Francesa, e os positivistas que defendiam uma República autoritária e militarizada inspirada nos ideais positivistas de Augusto Comte.
No entanto, o que aproximava essas correntes políticas, tão diferentes e mesmo antagônicas, eram as concepções de modernidade e progresso. Havia o ideal e o desejo de que o Brasil passasse a integrar os quadros das grandes nações capitalistas desenvolvidas da época.
Essa modernidade, no caso do Brasil, carregava alguns pressupostos: a) o federalismo, como forma de descentralizar o poder político, fato que favorecia as oligarquias estaduais, sobretudo a cafeeira ávida por mais liberdade de ação e poder; b) a liberalização da economia como forma de inserção do Brasil nos quadros das nações capitalistas, mesmo que de forma subalterna, a partir da intensificação e liberdade comercial e, por fim, como complemento dos dois outros pressupostos; c) a urbanização das principais cidades brasileiras,

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