O imaginário feminino no mito
Há muito tempo ouve-se falar da mulher como uma forma de desconstrução do mundo ou pelo menos dos “bons valores” criados por Deus. A mitologia relata a história da humanidade através dos tempos: a criação do mundo, do homem, da mulher, os acontecimentos marcantes. Tais acontecimentos se repetem universalmente, desse modo é comum narrativas de diferentes regiões do globo apresentarem semelhanças marcantes pela recorrência insistente ao mito, enfatizando sua natureza coletiva e unificadora e sua capacidade de se manter através do tempo, revelando sua primitividade e a sua capacidade de renovação. Há civilizações que foram de base matriarcal, mas, mesmo hoje, ainda assistimos a luta da mulher para se afirmar diante de um mundo ainda desigual nas suas relações masculino/feminino. Os homens dominaram a cultura do mundo tanto no ocidente como no oriente por milênios, com raras exceções.
No mundo grego, a “natural” inferioridade feminina não parecia ser algo tão perturbador, o problema maior é que no mundo Judaico-Cristão principalmente, as mulheres representaram a tentação, o lado sombrio e negativo do ser humano, eram como verdadeiras pedras de tropeço no caminho do homem. A Bíblia cita vários trechos sobre essa característica da condição feminina:
[...] “juízo que ainda procuro, e não achei. Entre mil homens achei um como esperava, mas entre tantas mulheres não achei nem sequer uma”. Eclesiastes 7.28
“As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo salvador do corpo”. Efésios 5.22
O lado feminino se torna assim capaz de chegar mais perto de algo insólito, algo que o mundo masculino, por si só, parece não ter o poder de se aproximar e/ou desafiar.
Em um conjunto cultural na maioria das vezes a figura do masculino predomina como viril, forte e capaz de alterar a realidade em que se vive, ou mesmo pala garantia