O Cavalo de Turim
Neste filme, o diretor húngaro Béla Tarr narra à história de pai e filha que residem em uma casa completamente afastada, isolada de tudo e de todos. Há também a presença de um cavalo, notavelmente doente que serve como meio de transporte para os seus donos.
Nota-se que é uma obra que trabalha com eventos, são seis dias que despertam no expectador uma sensação de que algo diferente irá acontecer, anseio que não se faz presente, visto que o que predomina é a monotonia de cenas quotidianas dos personagens que se repetem até a exaustão.
Outro fator relevante é a questão dos diálogos que quase não estão presentes. É uma verdadeira narrativa de sombra e luz, silêncio e notoriedade natural que, a exemplo do vento, vão se entrelaçando durante todo o enredo. O uso do preto e branco também revela um ambiente fechado e obscuro, o que contribui ainda mais para expressar a existência miserável dos protagonistas.
Mesmo quando a situação parece estar impossível, a exemplos da água do poço, das batatas que acabam e das brasas que já não esquentam mais, pai e filha continuam vivos; o que fica claro que está presente uma grande vontade de viver. Por estranho que pareça não se trata de um filme triste, o que dialoga com a filosofia de Nietzsche, uma vez que a proposta do diretor é mostrar a essência humana na sua mais perfeita singularidade; os personagens querem viver pelo fato da vida e não por algum objetivo
É notório, portanto, que em todo o tempo segue uma estrutura minimalista em que o pano de fundo nada mais é do que a simplicidade, o interior humano. Há uma concretude e um esvaziamento tão forte que levam o expectador a um pensamento afetivo e, além do mais, Tarr consegue unir de maneira extraordinária o cenário da arte e o campo da filosofia. Sem dúvida alguma, trata-se de uma história incrível para quem está em busca de algo simples e ao mesmo tempo