O berço do Renascimento gerou um afrodescendente:

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Sobressai em Heleno Oliveira à característica de habitar um entre-lugar, conceito trazido por Silviano Santiago em seu ensaio “O entre-lugar do discurso latino-americano”. O poeta é pernambucano de origem, porém devido à dedicação que tinha com o Movimento religioso dos Folcolares, abandona sua terra natal para viver na Europa, e por lá se encontra, além de se firmar como poeta.
Em sua trajetória a cidade que mais se destaca é Florença, na Itália, “importante para sua vida espiritual e para sua definição identitária” (AGUSTONI in PEREIRA, 2010), isso porque ele conhece Chiara Lubich, a fundadora do movimento religioso que o autor seguia. Heleno Oliveira impressiona-se com a sensibilidade que ela demostra ao compreender a realidade brasileira, que nem ele foi capaz de entender. Esse encontro é marcante na obra do autor, pois faz o poeta ter convicção pelo movimento religioso e o faz enxergar a sua identidade.
Essa aproximação com sua identidade afro-brasileira também se dá ao lecionar literatura brasileira na Universidade de Belém. Ao ter contato com a parte marginalizada da sociedade brasileira, da qual “ele próprio se sente parte em causa” (AGUSTONI in PEREIRA, 2010), começa a aparecer em seu trabalho marcas dessa margem vivida por ele e pelos outros excluídos. Sua identidade começa a se revelar em seus poemas: “Sou como os negros
Cravados de escravidão”.

Filho de mãe negra e pai branco, Heleno Oliveira demostra-se alienado em relação a sua questão racial, até que algumas mulheres aparecem como símbolo dessa descoberta, são elas: sua mãe Luísa, Chiara Lubich, a poeta Mariane Cvetaieva e Simone Weil. Sendo que, a espiritualidade foi a que aguçou a vontade pela temática no poeta, no intuito de fazer justiça com sua escrita.
Ao sair do seu país, o poeta começa a olhar suas origens de fora para dentro, de modo crítico, tomando conhecimento de sua origem humilde e negra. Antes negada e escondida:

“Meu lado negro esconde-se
Como as negras cozinhando

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