O Barril de Amontillado

777 palavras 4 páginas
- É um ignorante - interrompeu o meu amigo, enquanto avançava, vacilante,

seguido por mim.

Num instante atingira o extremo do nicho, e vendo que não podia continuar

por causa da rocha, ficou estupidamente desorientado. Um momento mais e

tinha-o agrilhoado ao granito. Havia na parede dois grampos de ferro,

distantes um do outro, na horizontal, cerca de sessenta centímetros. De um

deles pendia uma pequena corrente e do outro um cadeado. Lançar-lhe a

corrente em volta da cintura e fechá-la foi obra de poucos segundos. Ficara

demasiado surpreendido para oferecer resistência. Retirei a chave e recuei.

- Passe a mão pela parede - disse eu. - Não deixará de sentir o salitre. Na

realidade está muito úmido. Mais uma vez lhe suplico que nos retiremos. Não

lhe convém? Nesse caso, tenho realmente de o deixar. Mas, primeiro, quero

prestar-lhe todas as pequenas atenções ao meu alcance.

- O amontillado! - berrou o meu amigo, que se não recompusera ainda do

espanto em que se encontrava.

- É verdade - respondi. - O amontillado.

Ao dizer isto, pus-me a procurar com todo o afã por entre as pilhas de ossos de

que já falei. Atirando com eles para o lado, pus a descoberto uma quantidade

de pedras e argamassa. Com estes materiais e com a ajuda da minha trolha,

comecei a entaipar com todo o vigor a entrada do nicho.

Mal tinha colocado a primeira fiada de pedras quando descobri que a

embriaguez de Fortunato tinha em grande parte desaparecido. A este respeito,

o primeiro indício foi-me dado por um longo gemido vindo da profundidade

do recesso. Não era o gemido de um ébrio. Sucedeu-se um prolongado e

obstinado silêncio. Pus a segunda fiada de pedras, a terceira e a quarta. Em

seguida ouvi as vibrações furiosas da corrente. O ruído prolongou-se por

alguns minutos, durante os quais, para me ser possível ouvi-lo com maior

satisfação, suspendi a minha tarefa e sentei-me no montículo de

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