A representação política

Teorias das comunicações de massa

Capítulo 3

Mauro Wolf faz uma análise crítica do papel do emissor de notícias, isto é, o jornalista. Seu texto me fez lembrar o conceito de Kitsch (como na página 193 que um jornalista tem que se enquadrar no sistema para ser aceito), só que aqui empregado para definir uma rede de práticas e normas do ofício jornalístico, uma vez que Wolf cita pesquisas que confirmam que essas normas ocupacionais, profissionais ou organizacionais parecem ser mais fortes do que as preferências pessoais (p 185). Para a compreensão do processo de construção de uma notícia, o autor irá usar o termo gatekeepers, indivíduos ou grupos que possuem o poder da filtragem da informação. É na seleção dos inúmeros acontecimentos cotidianos que reside a lógica central do capítulo: o newsmaking, a produção da notícia. O objetivo é ilustrar como o profissionalismo da categoria, com seus valores e rotinas, acrescenta por si mesmo restrições importantes a informação produzida (p 189), o que Wolf chama de “distorção inconsciente”. O autor irá demonstrar que por essa lógica de newsmaking universal, a notícia tende a pasteurização, o que antes seria um acontecimento considerado excepcional passa a ser rotineiro, como a banalização da violência. Num exemplo recente temos o caso da invasão das favelas do Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, pelas forças de segurança pública do Estado. Ora, o apresentador do Bom Dia Brasil, Renato Machado, anunciava eufórico “um dia histórico na vida do carioca”. Sem dúvida muitos moradores irão dormir mais tranqüilos sabendo que traficantes armados até os dentes estarão presos, mas em nenhum momento o apresentador fez qualquer referência ao porquê da situação, mas somente na ocorrência desta. O autor explica que isto se dá pelo formato do jornalismo televiso, no qual, distorção, fragmentação, dificuldade de argumentar e tratar de modo aprofundado e coerente os temas apresentados, mas sem esquecer seus vínculos, os