A organização do trabalho na ótica dos sujjeitos

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A organização do trabalho na ótica dos sujeitos
No interior da fábrica, em que foi vivenciada a experiência de campos, a linha de montagem se divide em três partes, ou retas. Cada uma das partes subdividi-se em seções. Em cada seção há um chefe imediato, ou hantyo, um líder, dois helps e cerca de cinco ou seis peões. Na primeira parte da esteira, estão as tarefas mais árduas de montagem manual, são alocados trabalhadores brasileiros, peruanos e bolivianos. Na segunda e na terceira parte da esteira trabalham japoneses, indianos, húngaros e chineses. O trabalho feminino é utilizado, apenas durante a jornada diurna de trabalho, nas subesteiras de montagem de painéis e motores, em que o trabalho realizado requer maior habilidade das mãos.
Após adquirir certa experiência, o trabalhador sabe quais são os trabalhos mais leves. Em muitos casos, para conseguir um “serviço mais fácil”, torna-se necessário ascender-se na hierarquia. O critério utilizado para a promoção dos peões é a bajulação ao superior e a total obediência às imposições da organização do trabalho. Por essa razão, em muitos casos, é comum no discurso desses trabalhadores o sentimento de desconfiança e a ideia de que os compatriotas são menos dignos de confiança que os próprios japoneses.
A divisão do trabalho, a ausência de conteúdo significativo da tarefa, o sistema hierárquico, as modalidades de comando, as relações de poder e as questões de responsabilidade são elementos enumerados por Dejours (1992), que definem com maior clareza o significado do termo “organização do trabalho”. É precisamente do contato forçado com essa organização do trabalho que surge o sofrimento mental.
Desse modo, a organização do trabalho, alem de instituir a desagregação entre os trabalhadores brasileiros, preserva intacta a relação harmoniosa com o chefe, criando-se, ainda, um vinculo de dependência e cumplicidade, elementos responsáveis pela criação de um discurso cooptado aos interesses da empresa.
“Mais difícil que a

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